Campanha da Fraternidade 2011 –

1 de abril de 2011

A idolatria da natureza
promove a pobreza, a fome e o malthusianismo
Silvia Palacios e Lorenzo Carrasco si_especial_campanha_fraternidade_2011.pmd2 24/2/2011, 20:05 Fevereiro de 2011 3

Como tem sido apontado por várias investigações do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) (como o livro Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial e outros), confirmadas por trabalhos independentes, o movimento ambientalista tem funcionado como um instrumento político a serviço de oligarquias internacionais, contra o progresso das nações em desenvolvimento.
Na essência, a sua proposta é a de um retorno a sistemas econômicos pré-industriais, motivada por uma equivocada ideologia de “retorno à natureza”, com inspiração esotérica e disfarçada de uma falsa espiritualidade, que, na realidade, representa uma porta de entrada à chamada “New Age” e outras formas de idolatria. Ou seja, tratamse de conceitos que jamais deveriam ser respaldados em nome da Igreja Católica, cuja
Doutrina Social os condena formalmente. A estranheza com o documento da CF 2011 é ainda maior pelo fato de o Brasil ter sido, nas últimas duas décadas, submetido a fortes pressões por parte de poderosos grupos
oligárquicos internacionais, visando frear ou impedir o desenvolvimento dos seus vastos recursos naturais e humanos, o desenvolvimento de tecnologias avançadas, como a energia nuclear, o setor aeroespacial e outros, em um esforço de enquadrar o País em um autêntico regime de “apartheid tecnológico”.
Na área de infraestrutura física, o movimento ambientalista internacional tem sido mobilizado, com vastos
recursos financeiros e o apoio de grande parte da mídia, para se lançar contra todo tipo de projetos: hidrovias, ferrovias, asfaltamento de rodovias, usinas hidrelétricas, energia nuclear e muitos outros.
Já na década de 1970, essas eram as motivações dos grupos oligárquicos anglo-americanos
encastelados no governo dos EUA, que elaboraram o chamado memorando NSSM-200, o qual propunha uma estratégia secreta de controle da população para o Brasil e outros 12 países em desenvolvimento, sob o argumento de que o seu crescimento populacional colocaria em risco o abastecimento de recursos naturais (localizados nesses países) para os EUA e seus aliados. Vem daí o apoio financeiro a campanhas de esterilização maciça de mulheres das regiões mais pobres do Brasil e dos demais países citados no documento, por parte de agências oficiais e fundações privadas estadunidenses.
Nesta e em outras campanhas, ficava evidente a intenção de minar as raízes cristãs da sociedade brasileira, consideradas por tais grupos como sendo o impulso do crescimento populacional do País.

Thomas Malthus redivivo

No final do século XVIII, o reverendo inglês Thomas Malthus, que também era professor de Economia Política da Companhia das Índias Orientais britânica (a primeira grande empresa colonial criada para explorar recursos
naturais no exterior), lançou as bases da ideologia que ficaria conhecida pelo seu nome, o malthusianismo.
Em linhas gerais, Malthus afirmava que a população humana tinha limites naturais impostos pela incapacidade
de a produção de alimentos acompanhar o crescimento demográfico. Ademais, Malthus era contrário às incipientes políticas de ajuda aos pobres e a quaisquer avanços da medicina que diminuíssem as altas taxas
de mortalidade da época – recursos que, segundo ele, eram contrários às leis naturais.
Ficou célebre a sua polêmica com o médico Thomas Jenner, que introduziu a vacinação contra a varíola, doença que era então uma das principais causas de mortes prematuras, especialmente de crianças.
Embora o malthusianismo tenha sido desacreditado pelos grandes avanços na produtividade agrícola ocorridos ao longo do século XX, os círculos oligárquicos que promoviam o controle populacional direto decidiram
sofisticar os seus argumentos.
Desta forma, converteram os conceitos malthusianos na ideologia ambientalista, cuja essência sustenta a inviabilidade de se estender a todos os povos e países do planeta os níveis de vida desfrutados pelas sociedades industrializadas, supostamente, devido à inexistência de recursos naturais e à incapacidade de o meio ambiente global suportar os impactos decorrentes de um amplo desenvolvimento mundial.
E é aí que entra em cena o alarmismo prevalecente nas campanhas ambientalistas, principalmente, nas que envolvem as mudanças climáticas.
si_especial_campanha_fraternidade_2011.pmd3 24/2/2011, 20:05 Solidariedade Ibero-americana
Evidentemente, isso não significa que as preocupações com o meio ambiente sejam injustificadas
– aspecto que tem sido observado por altos dignitários do governo da Igreja Católica, a começar pelo Papa Bento XVI. Afinal, o grande desafio da Humanidade é a construção de um sistema econômico harmonioso,
baseado no respeito à dignidade e aos direitos naturais do ser humano, como indicados a partir do próprio Livro do Gênesis (I, 28), no qual tem que ser devidamente considerada a necessidade de certos níveis de proteção do meio ambiente, estabelecidos com critérios científicos e morais.
Nesse quadro, além do regozijo familiar, o nascimento de uma criança deve ser recebido como uma potencial contribuição para o progresso humano e o enriquecimento do Universo – uma criatura de Deus –, na medida em que ela disponha de condições de desenvolver plenamente os seus potenciais criativos inatos.
Porém, a combinação dos dogmas malthusianos e ambientalistas, sustentada por um consumismo egoísta e hedonista, vê o nascimento de novas vidas humanas como ameaças aos níveis de vida que, supostamente, não poderiam ser universalizados. Sob esta ótica perversa, as novas vidas seriam “novas bocas”,
“novos poluidores” ou outras qualificações depreciativas. Para alguns adeptos mais radicais da hipótese do aquecimento global, o controle populacional seria a maneira mais eficiente de se evitar que a Humanidade
continuasse afetando a atmosfera. O pessimismo cultural disseminado por essa visão malthusiana-ambientalista, nas últimas décadas, tem contribuído bastante para a brusca queda das taxas de fertilidade
para níveis abaixo da mera reposição da população, que tem afetado a quase totalidade dos países industrializados e já começa a atingir países em desenvolvimento, como o próprio Brasil. Esta crise demográfica, ao contrário da “bomba populacional” pregada pelos malthusianos nas décadas de 1960-70,
representa uma séria ameaça para a prosperidade das economias modernas, devido aos seus efeitos sobre o envelhecimento da população, a menor disponibilidade de uma força de trabalho produtiva e o peso sobre os sistemas de seguridade social. Foi, entre outros motivos, para combater esses lúgubres prognósticos sobre o futuro da Humanidade, que o Papa Paulo VI convidou o mundo a transitar por outro caminho, ao estabelecer, em sua profética encíclica Populorum Progressio (1967), que o autêntico desenvolvimento é
“o novo nome da paz”.
O homem não é inimigo da natureza, mas está convocado ao seu aperfeiçoamento, por meio da técnica que é produto de seu intelecto, afirma o Pontífice no documento. Contra esse espírito animador da Doutrina
Social da Igreja e a ideia de progresso e industrialização, que contagiava as nações em desenvolvimento naquela época, em suas aspirações de superar a sua pobreza histórica, as oligarquias internacionais criaram o
Clube de Roma, para promover a insidiosa tese dos “limites ao crescimento”, ao mesmo tempo em que preparava o lançamento do movimento ambientalista internacional.
A perversa ideologia defendida pelos mentores da organização pode ser sintetizada no seguinte parágrafo auto explicativo do livro The First Global Revolution (A primeira revolução global), de 1991: “Na busca de um
novo inimigo que nos uma, levantamos a ideia de que a poluição, a ameaça do aquecimento global,
a escassez de água, a fome e outras do gênero, se encaixariam no conceito. Todos esses perigos são causados pela intervenção humana e somente podem ser superados com uma mudança de atitudes e comportamentos.
O inimigo real, então, é a própria Humanidade [grifos nossos].”
Em abril de 2007, ao apresentar as conclusões do seminário internacional sobre “Mudanças Climáticas e Desenvolvimento”, realizado em Roma, o cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Conselho Pontifício
Justiça e Paz, criticou veementemente o que chamou “a ideologia do catastrofismo”.
Segundo ele, “o informe preparado pelo MIT de Boston para o Clube de Roma, feito público em 1972, com o título Os limites do crescimento, foi a mãe de todos os catastrofismos do ambientalismo ideológico”.
O cardeal Martino é apenas um de muitos dignitários da Igreja Católica que têm feito as comparações cabíveis do radicalismo ambientalista e o malthusianismo anticristão.
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Por conseguinte, é inconcebível que os autores do documento da CNBB sequer levaram em conta essas importantes discussões, limitando-se a recorrer à “autoridade” de entidades como o Clube de Roma. E, da mesma forma, se fazem eco de outro dos arautos do catastrofismo ambiental, o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas que tem sido crescentemente contestado em sua pretensão de representar um inexistente “consenso científico” sobre as questões climáticas, sem falar nas informações fraudulentas que tem divulgado para justificar a suposta interferência humana no clima global.
Além do não comprovado aquecimento global antropogênico, os autores do documento também repetiram sem qualquer consideração crítica relevante os ataques igualmente infundados dos ambientalistas radicais contra os organismos geneticamente modificados (transgênicos), a energia nuclear e a exploração dos enormes recursos de petróleo e gás natural da camada do pré-sal da costa brasileira, uma conquista tecnológica e orgulho do Brasil. Tudo isso, contrariamente às lúcidas discussões em que o Vaticano tem se engajado com a comunidade científica em relação aos fenômenos naturais das mudanças climáticas, o desenvolvimento da energia nuclear para usos pacíficos e a utilização de produtos transgênicos no combate à fome, como veremos adiante.

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