O Vaticano Condena a Idolatria a natureza

1 de abril de 2011

si_especial_campanha_fraternidade_2011.pmd6 24/2/2011, 20:05 Fevereiro de 2011 uma viagem na cultura do fazer”
(Risorsa Ambiente. Um viaggio nella cultura del fare), foi ainda mais enfático, ao denunciar quatro dos perigos em que se pode incorrer na abordagem dos problemas ambientais. Em sua exposição, Martino
explicou que a Doutrina Social da Igreja rejeita o biologismo, o catastrofismo, o naturalismo e a ideologia malthusiana, propondo, ao contrário, uma ecologia humana como a mais harmônica com o bem comum.
Martino criticou o “biologismo” (no Brasil, mais conhecido como “biocentrismo”), porque não distingue a diferença substancial entre o homem e os animais, remontando todas as funções humanas apenas a bases biológicas e genéticas. Para ele, o biologismo “não é uma ciência, é uma ideologia que se contrapõe ao
antropocentrismo”. Sobre “a ideologia do catastrofismo”, explicou que suas origens remontam aos
relatórios do Clube de Roma sobre os “limites do desenvolvimento”. O catastrofismo, afirmou, “é uma ideologia quando se nutre de um tal pessimismo antropológico que nunca aponta o homem como recurso… O pessimismo e a suspeita sobre o homem se convertem em confiança extrema nas técnicas seletivas, inclusive o aborto e a esterilização maciça”. Ao criticar o malthusianismo, Martino recordou que, por ocasião da Conferência da ONU sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo em 1994 e, depois, na dedicada às Mulheres em Pequim, no ano seguinte, “a ação diplomática exercida pela delegação da Santa Sé entrou em singular sintonia com os países pobres do planeta, interessados em
denunciar a ideologia neomalthusiana que propunha planificar de modo centralizado os nascimentos, violentando assim a vontade das mulheres”. O cardeal Martino explicou que a Doutrina Social da Igreja não admite a ideologia do naturalismo egoísta, ou seja, do “retorno à natureza”, nas diversas formas de “esoterismo naturalista, narcisismo físico, busca de um bem-estar psicológico e emotivo confundido com
bem-estar espiritual”. “São formas de naturalismo que confinam com a ‘New Age’, alimentam o
supermercado da religiosidade, entendem de modo panteísta a biosfera como um todo único e indiferenciado, e perdem definitivamente de vista a natureza entendida como diálogo entre o homem e
Deus”, explicou. Frente a essas ideologias, Martino recordou que os problemas ambientais são uma questão social e que a Doutrina Social da Igreja usa o conceito de “ecologia humana”, como assinalado pelo papa João Paulo II na encíclica Centesimus annus (1991). No documento, o Pontífice escreveu: “Com freqüência, nos interessamos pelo ambiente natural, enquanto não há um empenho semelhante
por salvaguardar o meio ambiente humano. Há pouco empenho em salvaguardar as condições morais para uma autêntica ecologia humana.” “A expressão ecologia social, para a Igreja não significa só que o meio ambiente natural deva ser humanizado, encaminhado ao bem do homem de hoje e das gerações futuras.
Quer dizer também e sobretudo que o meio ambiente humano – a salvaguarda da vida, da família, o trabalho, a cidade – exige o respeito a uma ecologia própria, a um funcionamento físico, a uma natureza própria”, disse Martino. O cardeal concluiu afirmando: “Nesse sentido, a ecologia humana é um conceito em harmonia com o bem comum, sendo este o conjunto daquelas condições sociais que permitem e favorecem nos seres humanos o desenvolvimento integral de sua pessoa.”
Lúcidas considerações, que passaram despercebidas ou foram ignoradas pelos autores do texto-base da CF 2011. si_especial_campanha_fraternidade_2011.pmd7 24/2/2011, 20:05 Solidariedade Ibero-americana
O texto-base da CF 2011 é tão repleto de equívocos conceituais e factuais que contestá-los um a um requereria um espaço consideravelmente maior que o permitido na presente publicação. Por conseguinte, limitar-nos-emos a comentar alguns dos mais representativos, suficientes para dar uma ideia da desorientação dos autores do documento da CNBB, quanto aos princípios científicos e tecnológicos básicos que fundamentam as questões climáticas e o estabelecimento das infraestruturas físicas das economias modernas. Logo na Introdução da
Primeira Parte (p. 15), o texto sintetiza o equívoco principal que norteia todo o trabalho: “(…) Nos dias de hoje, é visível que mudanças climáticas estão em curso; a temperatura está mais elevada, temporais por toda a parte,
vendavais, longas estiagens. Mas se no passado as mudanças ocorreram por causas naturais, não podemos dizer o mesmo em relação às atuais, que coincidem com o processo de industrialização que se intensificou nos últimos dois séculos.” Para começar, as mudanças constituem o estado natural do clima, que há milhões de
anos tem apresentado temperaturas bem mais altas e mais baixas que as atuais e concentrações de dióxido de carbono (CO2) muito mais altas (mas apenas um pouco mais baixas) que as atuais (Fig. 1). Também houve níveis do mar muito mais altos e mais baixos, assim como a cobertura de neve e gelo variou entre zero e 100% da superfície do planeta. Logo, a própria expressão “mudanças climáticas” é redundante, pois o clima está sempre mudando. E temperaturas mais elevadas, grandes tempestades e secas prolongadas já ocorreram incontáveis vezes no passado e continuarão ocorrendo no futuro, sem que a Humanidade possa exercer qualquer controle sobre tais fenômenos – exceto tratar de antecipá-los e se preparar adequadamente para lidar com as suas consequências. Curiosamente, apesar de admitir que “não há unanimidade na comunidade científica a respeito das causas destas mudanças climáticas a que assistimos” (p. 15), os autores não mencionam qualquer cientista ou trabalho que conteste o cenário alarmista que constitui a linha mestra do documento. Ao contrário, vão buscar os seus argumentos exclusivamente em fontes comprometidas com tal cenário catastrofista, engendrado com fins políticos, como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas e o Clube de Roma, o templo do malthusianismo por excelência. Não por acaso, o primeiro tem sido crescentemente questionado, devido às numerosas informações erradas e até fraudulentas divulgadas em seus relatórios, e o segundo, propagandista da falaciosa tese dos “limites do crescimento”, tem sido duramente criticado por numerosos dignitários da própria Igreja Católica.
Dizem eles (p. 20): “Em seu quarto relatório, de 2007, o IPCC afirma, com nível muito alto de confiança – isto é, com segurança de mais de 90% – que o planeta Terra está aquecendo desde 1750, tendo elevado a temperatura média em 0,74oC até 2006.

Silvia Palacios e Lorenzo Carrasco

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